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A história da sua vida



Caetano,


Há 4 anos foi dia de festa. 12 horas de festa!!!! Mas a história começou bem antes disso...


Em fevereiro de 2008, eu partia para a primeira grande viagem da minha vida.


Não fazia ideia, ainda, do que isso iria significar. Já sentia aquela pontinha de incômodo diante da inércia, mas tampouco sabia o que isso realmente representava.


Era apenas uma jovem de 23 anos, cheia de sonhos, que trocou uma foto de canudo e beca por 40 dias com uma mochila nas costas pelo Velho Continente.


Era tudo novo e não havia medo. Apenas excitação, fascínio, curiosidade e aquela ansiedade gostosa que cerca as primeiras vezes. Talvez houvesse também uma certa insegurança em relação àquela escolha. Afinal, eu estava trocando um dos ritos de passagem mais importantes da minha vida, minha formatura em Direito, por uma viagem. Mas hoje eu sei que fiz a escolha certa. E talvez naquela época, em meio a tanta imaturidade, eu já soubesse exatamente o que era importante para mim, ainda que isso não fosse tão claro. E, afinal, aquela não foi apenas uma viagem, foi a viagem que mudou a minha vida.


Mas há 8 anos eu não fazia nenhuma ideia do que isso iria significar.


Dois anos depois, em 2010, tive uma pequena amostra do que aqueles primeiros dias na Europa tinham representado. Ainda era cedo para tirar conclusões, só que dessa vez as coisas aconteceram rápido e, já em 2012, eu estava certa de que aquela não tinha sido apenas uma grande viagem.


Hoje, 8 anos depois, tenho dentro de mim a certeza de que ela foi apenas o ponto de partida para a maior e mais importante aventura da minha vida.


Não acredito em destino, mas sou apaixonada pelo acaso. E não poderia deixar de romantizar uma história que tinha tudo para não acontecer.


Tudo começou em um jantar de aniversário, onde um amigo me entregou vários guias de viagem. Faltava um: o de Paris. A missão seria pegá-lo lá mesmo, com uma amiga da sua avó que estaria na cidade na mesma época que eu.


Quem diria que um jantar de aniversário renderia tantas histórias. E fico me perguntando se hoje eu me deslocaria da Praça da Bastilha até o Louvre para encontrar uma quase desconhecida apenas para pegar emprestado um guia de Paris. Provavelmente não. Mas quando se está diante do novo, tomado por todos aqueles sentimentos, é esse o tipo de coisa que fazemos. É esse o tipo de leveza que as viagens proporcionam.


E quem diria que aquele guia e aquela tarde em Paris renderiam tantas histórias.


Também me pergunto por que guardo tantas memórias daquele dia, afinal, se hoje a história faz todo sentido, na época representava apenas uma de quarenta tardes deliciosas nas mais belas cidades do mundo.


Mas fato é que me lembro com exatidão de detalhes daquele momento em que esperávamos um amigo de uma amiga da sua vó na saída daquela estação de metrô em Saint Germain. Daquele vinho grego no copo de plástico, em uma lojinha de sanduíches de baguetes prestes a fechar. Daquela noite de conversa deliciosa, agora sim regada a vinho nacional, que me fez perder o último metrô e voltar a pé para o hotel.


E quem diria que aquele seria o encontro que mudaria para sempre a minha vida, ainda que tanto tempo depois.


Porque nós sabemos que aqueles foram apenas dias deliciosos em Paris. E os dias em Paris tendem a ser sempre assim.


Mas então, o que havia de diferente naquela tarde?


Essa é a parte que não se explica. É aquele mistério gostoso que ronda os grandes encontros que fazem a vida valer a pena. Aquilo que não se compreende, mas que dá sentido a nossa existência.


Como bem disse seu padrinho, que de Londres também fez parte dessa história, era o amor. Mais precisamente o “Amore!”, ainda que isso tenha sido descoberto apenas alguns anos depois.


E você achando que esse era mais um post sobre viagens, escrito por uma viajante inveterada.


Não. Esse é o post sobre o momento mais importante da minha vida, que se iniciou em Paris, há 8 anos atrás, e que transformou a história de 2 pessoas em vida. Uma vida que está apenas começando e já é a mais importante do mundo.


E mais uma vez me vejo diante do novo. Só que dessa vez os sentimentos são ainda mais intensos. Ansiedade, medo, excitação, fascínio, mas, mais que tudo, um amor imenso que eu ainda não conhecia.


O maior amor do mundo, fruto de um encontro despretensioso em Paris.

      Flávia Vilhena
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Sou a Flávia. Mãe do Caetano e do Augusto. Viajante, ex-blogueira (de viagem), advogada e agora escritora...

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