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Como nascem os bebês?


Caetano,

Certa vez, durante a gravidez, estava no laboratório esperando para fazer um exame. Lá havia também uma mãe com dois filhos pequenos. Um deles, de cerca de 3 anos, impressionado com o meu barrigão (acho fofo como as crianças reagem à gravidez), perguntou para a mãe se iriam cortar a minha barriga para tirar o bebê. A mãe imediatamente disse que sim. Iriam cortar a minha barriga para que o bebê pudesse nascer.


Fiquei com vontade de entrar na conversa e dizer: não, provavelmente não irão cortar a minha barriga. Ele vai nascer da forma mais natural possível.


Mas é claro que não fiz isso. Primeiro porque quem sou eu pra interferir na forma como uma mãe educa o seu filho. Segundo, porque sou tímida o bastante para não me intrometer na conversa de ninguém.


Mas fiquei incomodada. É claro que aquela criança terá grandes chances de crescer achando que nascer envolve um corte na barriga. E fiquei imaginando o quão assustador isso deve ser para um serzinho de 3 anos. E se fosse uma menina? Já com 3 anos iniciaria o seu temor pelo parto. Eu pelo menos, que sou medrosa até dizer chega, ficaria apavorada de saber que um dia iriam cortar a minha barriga para tirar alguém lá de dentro.


Depois, refletindo sobre o ocorrido, compreendi a dificuldade daquela mãe. Ela precisava ter uma resposta imediata, para um assunto delicado. Afinal, falar sobre parto, envolve também falar sobre sexualidade. E aí começa o tabu. Além disso, ela foi criada em uma cultura em que, sim, é preciso cortar a barriga da mãe para que um bebê possa nascer. E aí começa tudo de novo. Entramos no círculo vicioso.


O assunto é difícil, mas necessário. Só assim mudaremos esse medo que aflige tantas mulheres. E nem estou falando apenas do parto normal. Participando de fóruns em diversos canais, com mães das mais variadas classes e idades, percebi que o medo é generalizado e envolve também a cesariana. Ou seja, nossa cultura cria mulheres que chegam ao momento que seria, provavelmente, o mais sublime de suas vidas, com o sentimento de... Medo!!!


Isso não pode estar certo.


Daí a importância de iniciativas como esse vídeo, para auxiliar os pais em uma tarefa que, sem dúvidas, não é nada fácil.


Precisamos ajudar nossos filhos a encarar o momento do nascimento de forma positiva e natural. O parto pode, e deve, ser um momento leve e feliz.


Defendo o direito de liberdade de escolha de cada mulher. Não só para o parto, mas para tudo na vida. Mas só há escolha, de fato, quando ela acontece livre de ideias impostas e preconcebidas.


Sem contar que o vídeo é lindo de viver!


Guardei para você, Caetano. Assim, quando a pergunta acontecer, terei nas mãos a resposta que considero mais adequada.

      Flávia Vilhena
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Sou a Flávia. Mãe do Caetano e do Augusto. Viajante, ex-blogueira (de viagem), advogada e agora escritora...

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