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Dieta

Caetano, O tema de hoje, aparentemente, é dieta. Mas não vai ter foto do abdômen sarado da mamãe. Até porque não tem abdômen sarado nenhum. Nunca teve e não seria justamente agora, depois de 9 meses de gravidez e 12 meses sem corrida e sem dieta que ele apareceria. Milagres não acontecem. Eu disse sem dieta? Mentira. É que pra mim dieta sempre foi sinônimo de perda de peso. Comer pouco, com muitas regras, com o objetivo de emagrecer. A fórmula é mais do que simples. Gastar mais do que se come. Exercícios. Refeições a cada 3 horas. Pequenas porções. Muita água. Pouca gordura. Muitas folhas. Nenhum açúcar. E nenhuma fritura. E nem um álcool.

Se fizer direitinho, o sucesso é garantido. O que se come menos o que se gasta é igual ao número da sua calça jeans. Dieta, para mim, também sempre foi sinônimo de sofrimento. E falo disso com propriedade. A primeira foi uma semana antes da minha festa de aniversário de nove anos. Vigilantes do Peso. Congelei brigadeiros para quando fosse permitido (como se eu nunca mais fosse me deparar com um brigadeiro fresquinho na vida). Comeram antes disso. Trauma de infância. Haja terapia para superar a perda dos brigadeiros e 20 anos de briga com a balança. Mas a gente supera. E, de repente, quando se cura, a gente entende que a fórmula realmente é simples. Não sem muito suor, alcançamos o tão sonhado equilíbrio. Espero que dure! Aliás, já perdi todos os quilos extras da gravidez. Mas dessa vez o mérito não é meu, mas seu. Ando comendo como nunca, mas parece que vai tudo para o leite que te alimenta. Preciso me lembrar de que não dá pra comer assim para sempre. Mas aí, no meio dessa comilança toda, me vejo novamente de dieta. Dieta que não é pra perder peso, mas é dieta. E nunca foi tão restritiva. Só quem já parou de ingerir leite sabe o que isso significa. Não é só leite, manteiga, queijo, iogurte, sorvete, bolo, biscoito, chocolate e 90% dos outros doces, mas uma lista infinita de alimentos que não cabe aqui.


Caldo knorr tem leite, você sabia? E salaminho também. É. Outro dia estava sentada em uma mesa lotada de tira-gostos, até que chegou um salaminho e eu pensei: oba! Uma coisinha para mim. No dia seguinte, passeando pela cozinha, encontrei a embalagem do dito cujo: contém leite. Como assim salaminho tem leite, gente? Pois é. Tem. E além das calorias do salaminho, absorvi também toda a culpa que uma mínima quantidade de leite é capaz de transportar. E é muita! E aí você deve estar pensando: o que eu tenho a ver com isso? É que esse texto, meu filho, é apenas aparentemente sobre dieta. Ele fala mesmo é sobre amor. Sobre motivação. Sobre dedicação total e incondicional. Aliás, finalmente entendi o que esse termo significa: incondicional!!! E ele é exatamente o que pintam por aí. O que você precisa saber, Caetano, é que só aparentemente, essa é a dieta mais difícil que já fiz. Na verdade, é a mais fácil. E é assim porque não me traz qualquer sofrimento. Não me parece sequer um esforço. Ao contrário das outras vezes, quando vejo um brigadeiro não tenho nem vontade de comer. Não fico pensando nele como se o mundo fosse acabar. E se em algum momento penso que era gostoso poder comer queijo curado derretido no café da manhã, lembro que daqui a pouco tempo posso voltar a fazer isso. É. O tempo vai passar. É só uma fase. E não me custa nada. Sem sofrimento. Porque estou com a alma nutrida de amor. Gente! Por que não descobri essa fórmula mágica antes??? Me lembro de uma das inúmeras vezes em que comecei uma dieta. O desafio maior sempre eram doce e álcool. Não conseguia conceber a ideia de ir a uma festa e não tomar uma cervejinha. Que falta de graça! E eu gostava de festas. Certa vez estava de dieta há apenas 4 dias e bastante determinada: ia para a boate numa sexta a noite e não iria beber. Chegando lá, ganhamos um champanhe. Champanhe mesmo. Francês! E não se recusa champanhe, não é mesmo? A dieta terminou ali. E hoje me vejo há um ano sem beber e há dois meses sem ingerir leite, sem que para isso tenha sido necessário qualquer esforço. Foi tudo natural. Tudo de bom grado. Sem sofrimento. É verdade. Não estou de dieta. Ou estou. Já nem sei mais. O que sei é que finalmente entendi o poder da motivação. E que talvez estivesse apenas encontrando sempre as justificativas erradas. Não é uma carta sobre dieta. E também não é só sobre o amor. É sobre como ter um filho pode ser transformador.

      Flávia Vilhena
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Sou a Flávia. Mãe do Caetano e do Augusto. Viajante, ex-blogueira (de viagem), advogada e agora escritora...

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