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A verdade sobre o puerpério



Caetano,


Ser mãe é uma delícia. Eu juro!


Mas o puerpério nem sempre é fácil.


E é mais ou menos assim:


41 semanas de espera.

Expectativas a mil.

Aquela ansiedade gostosa. Mais uma primeira vez.

Tempo de cuidar de cada detalhe. Enxoval. Decoração do quartinho. O rostinho do bebê pelo ultrassom 3D. Parece sonho. Sonho que se projeta.

Não pode faltar aquela sessão de fotos do barrigão. Ahhh o barrigão. O centro das atenções. Mimos e fila preferencial. Massagem diária nos pés.

Barrigão que acolhe e protege. Meu bebê. Só meu. Para cuidar dele, basta cuidar de mim.


41 semanas de espera.

Tempo de sobra para me cuidar.

Pilates. Caminhada. Dieta saudável.

Massagem.

Muita massagem.

Gentilezas de todos os lados.

Todos ao meu redor.


41 semanas de espera.

Tempo de sobra para aprender.

Me informar sobre o parto. Me preparar para o parto. Planejar e sonhar com cada detalhe do dia mais especial da minha vida.

Tempo de sobra para ler tudo sobre como me tornar a melhor mãe para o meu bebê. Para frequentar todos os cursos teóricos e práticos sobre o parto, os cuidados com o bebê e a amamentação.


Pronto.


Em 41 semanas faz-se a mãe perfeita para o filho perfeito. Falta só a prática.

Dizem que é difícil.

Mas, no fim, todo mundo tira de letra.

Não é?


41 semanas de espera.

Caminhada. Cinema. Novela.

Um dia normal.

23:00.

O plano de parto dá lugar à realidade.

As dores deixam o romance de lado.

É preciso ser forte.

03:00.

Saímos de casa. Nós 2.

30 horas depois estamos de volta.

Nós 3.

Agora é vida real.

Finalmente vamos nos conhecer.


41 semanas.

E, de repente...

Não tem mais barrigão. Não tem mais proteção. Não tem mais massagem nos pés. Não tem mais noites de sono. Não tem mais gentileza. Não tem mais tempo para cuidar de mim. Não tem tempo para nada. Não tem mais teoria. Prática se aprende na marra, por repetição. Tem lágrimas. Dois corpos estranhos habitando um ambiente velho, que se torna tão pouco conhecido.

Não tem mais tanta gente ao redor.

O marido ajuda? O marido cuida?

O marido sai para assistir um jogo.

A empregada falta.

Nas redes sociais a vida segue perfeita.

Aqui em casa estamos sozinhos.


Nós 2.


As cólicas se repetem diariamente. As técnicas para consolar o bebê não funcionam.

Os problemas com a amamentação não são os contemplados no curso. Mas eu não estava tão bem preparada?

O bebê não ganha peso.

Eu não tomo banho.

O bebê não dorme durante o dia.

Não dá tempo de ir ao banheiro.

O bebê não sai do peito.

Eu não como bem.

Mas comer bem é importante para o leite.

Dormir também.

Eu não durmo.

Ninguém dorme.

E o leite?

O bebê adoece.

O mundo desaba diante dos meus pés.


Dá para colocá-lo de volta na barriga?


Não.

O sonho agora é vida real.

Não tem perfeição.

Tem sorrisos e dores.

E em meio ao caos, amor!

Amor de sobra. Disposição de sobra.

Para ser a melhor mãe que você poderia ter.

      Flávia Vilhena
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Sou a Flávia. Mãe do Caetano e do Augusto. Viajante, ex-blogueira (de viagem), advogada e agora escritora...

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