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11 meses!


Caetano,


Junho chegou.


Meu mês preferido do ano.


Mês doce, de clima ameno e aconchegante. Quando chega junho, me sinto abraçada pelo tempo.


Há 1 ano saudei a chegada da temporada junina de forma efusiva, certa de que até o seu fim estaria com você em meus braços, afinal, 30/06, último dia do mês, era a data prevista para o seu parto.


Doce ilusão. Tão doce como a única mudança que junho de 2016 trouxe de fato para a minha vida: uma inusitada nova paixão por canjica, meu solitário desejo ao longo de toda a gravidez e que me acompanha desde então.


Minto. Junho trouxe também uma mudança de paradigma, um aprendizado que também me acompanhará para sempre nessa nova vida de mãe: quando o assunto é maternidade, definitivamente não estamos no controle. Já falei sobre isso antes, lembra? Oh aprendizado doído esse!


Eis que então, num piscar de olhos, junho chega novamente. Rápido como trem-bala! Mas, dessa vez, trazendo transformações intensas para os nossos 11 meses de convivência.


11 meses se passaram, Caetano.


11 meses voaram.


E em junho de 2017 o tempo me abraçou de forma ambivalente.


No último mês vibrei de emoção assistindo aos seus primeiros passinhos, tão desequilibrados quanto destemidos. Vibrei com sua alegria ao perceber que você podia andar. Gargalhei com você nas inúmeras vezes em que brincamos juntos usando apenas nosso próprio corpo. Não me lembrava do quanto olhos, bocas, línguas, mãos e vozes podem ser tão divertidos, quando cada segundo se traduz em uma incrível descoberta, quando tudo ainda é novidade.


Sorri ao velar o seu sono leve e despreocupado, certa de que estamos trilhando o melhor caminho. Comemorei um mês de pura saúde e alguns centímetros a mais nesse corpinho que se desenvolve em ritmo acelerado. Achei graça no canino que resolveu aparecer antes dos dentinhos do meio, meu vampirinho mais fofo. Te vi expressar suas vontades de forma incisiva, com birras, gestos, sorrisos ou até ensaios de palavras que sabem exatamente o que desejam dizer.


Em 11 meses nunca te vi tão autônomo e dono de si. Em 11 meses nunca te senti tão próximo de mim.


Ao mesmo tempo, em 11 meses nunca te senti tão distante do meu bebezinho. Aquele pelo qual há exatamente um ano eu esperava tão ansiosamente. Que cabia no meu ventre, e depois nos meus braços. Aquele para quem o mundo se resumia a um colo gostoso de uma mãe superprotetora.


Isso tudo é uma delícia, mas também muito dolorido.


Porque assim como 9 meses parecem longos demais para esperar por um bebê, 11 meses parecem muito pouco tempo para me despedir dele.


Porque ao mesmo tempo em que vibro com a criança doce que surge a cada dia em seu olhar, me despeço com saudosismo da inocência desses olhinhos sorridentes de bebê.


Há poucos dias revi o álbum do seu nascimento e me impressionei com todas as mudanças que nos acompanharam nesse curto espaço de tempo.


E hoje, nesse novo junho tão ambivalente, não mais anseio pelo futuro. Desejo apenas poder viver intensamente cada fase deliciosa do seu presente. Mas preciso confessar: faço isso já morrendo de saudades do que passou.


Saudades de você, meu eterno neném.

      Flávia Vilhena
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Sou a Flávia. Mãe do Caetano e do Augusto. Viajante, ex-blogueira (de viagem), advogada e agora escritora...

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