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Amor que transborda do peito


Caetano, 1 ano e 28 dias. Sábado a noite. Estamos somente eu e você, como por tanto tempo costumava ser. Uma conjuntivite atrapalhou os planos do fim de semana. Não importa. Eu, após quase dois anos, estou bebendo um vinho despretensiosamente. Sem nenhuma culpa. Sem nenhum limite. Talvez beba a garrafa inteira. Talvez vá dormir após a segunda taça. Só depende de mim. Adoro vinho. Não que tenha sido um sacrifício. Mas por vezes senti falta desse pequeno prazer. Há um ano eu fazia um post em homenagem à semana mundial do aleitamento materno. Falava sobre o incrível prazer que era, apesar de todas as dores, amamentar. Mal sabia eu, naquele dia, menos de um mês após o seu nascimento, sobre todas as dificuldades que iríamos enfrentar. Não foi fácil. Não foi natural. Foi uma luta. E eu dizia para mim mesma, repetidas e infinitas vezes, que chegaríamos pelo menos até um ano. Você me ouviu. Me deu exatamente o prazo que te pedi. Porque aqui o desmame sempre foi muito mais meu do que seu. E lentamente, por 28 dias após o seu aniversário, fomos nos despedindo desse momento tão especial. Ontem, coincidentemente 1 ano após aquele post que seria o primeiro de uma série de 60 cartas que escrevi sobre nossa história, você mamou pela última vez. Eu queria mais. Mas tivemos o tempo que foi necessário para a gente. Era tudo pelo vínculo, Caetano. E hoje, tomando vinho e ouvindo música enquanto você, doente, dorme em meu peito, o seu grande porto seguro, tenho certeza que nosso vínculo vai muito além da amamentação. Continuo vibrando pelo prazer e pelos benefícios do aleitamento materno. Mas hoje, de forma muito mais leve e serena, compreendo que a maternidade vai muito além. Sim, continua tudo aqui, no peito onde você se aconchega e se sente acolhido, no peito onde meu coração continua batendo, acima de tudo, por você. Mas vai além, muito além. Obrigada por esse ano, Caetano. Obrigada por ter acolhido meu desejo, meu prazo. O que muda a partir de agora? Nada. Meu colo e meu coração continuam sendo seus. Por isso, a noite de hoje é somente de comemoração. E é por esse um ano que hoje bebo esse vinho tão prazeroso. Por ele e por esse amor que transborda do peito.

      Flávia Vilhena
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Sou a Flávia. Mãe do Caetano e do Augusto. Viajante, ex-blogueira (de viagem), advogada e agora escritora...

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