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Augusto filho único


Caetano viajou com o pai para visitar o primo e os avós. Quando eu disse que iria morrer de saudade ele respondeu:


"Mas eu estou com saudade é do meu primo”.


É a segunda vez que ele viaja sem mim e já sei bem da facilidade que ele tem de ir. E está tudo bem, até porque o que é herdado não é roubado. 😄 E dá-lhe asas, afinal, é para isso que temos filhos, certo? Se os parimos é para o mundo, só posso desejar que vá forte e seguro.


Mas não é dele que eu quero falar, e sim do que ficou: Augusto, em sua segunda chance de ser filho único.


Ele está sentindo absurdamente a falta do irmão, por quem é completamente apaixonado. Não entende bem esse conceito de viajar e sempre pergunta:


“Cadê o Mano? Ele já vai chegar?”


O que ele também não entende é o conceito de filho único, essa história de ter a atenção da mamãe só para ele durante tantos dias.


Tivemos uma semana de intensa conexão, que, penso, nunca tivemos ao longo da vida dele.


Constato que meu coração realmente deixou o Caetano ir, quando percebo que estou me permitindo, por 10 dias, estar totalmente presente para o Augusto, que por esse tempo está experimentando essa sensação de ser o único.


Acredito que angústia da divisão do amor é a principal aflição das mães de segunda viagem. Porque por mais que a gente repita aos quatro ventos a premissa romântica de que o amor não se divide, mas sim se multiplica, sabemos muito bem que o tempo, ao contrário do amor, não apenas precisa ser dividido como se torna um bem ainda mais escasso nessa jornada da dupla maternidade. E até o amor precisa de tempo para se manifestar.


Deixo então o Caetano matar saudades do primo e mergulho no propósito de dar ao Augusto a chance de conhecer um pouquinho da sensação de ter todo o meu tempo de mãe só para si. E me dedico a conhecê-lo como filho único, o que também é uma novidade para mim, afinal, são as raras as chances que tenho de estar presente exclusivamente para ele.


Por dez dias me dedico a ser de novo mãe de primeira viagem e a conhecer meu segundo filho de um jeito diferente. Com o mesmo amor, mas com tempo em dobro. E isso faz sim toda diferença.

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      Flávia Vilhena
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Sou a Flávia. Mãe do Caetano e do Augusto. Viajante, ex-blogueira (de viagem), advogada e agora escritora...

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