top of page

Eu não sou uma mãe perfeita



Eu não sou uma mãe perfeita.


Achei necessário dizer, pois esse ambiente pode ser uma grande armadilha de autocobrança e comparação. Pode ser também uma fonte inesgotável de angústias pelo não atingimento de ideais que, na vida real, são mesmo impossíveis de atingir.


Eu não sou uma mãe perfeita.


Escolhi as brigas que quero comprar. O resto, descarto. A maioria sem culpa, mas às vezes também caio na armadilha da maternidade perfeita, da mulher perfeita, da vida perfeita.


Já falei, mas não custa repetir. Repetir é, aliás, o que faço todo dia para mim mesma: “Não dá para fazer tudo. É preciso escolher.”


Escolho criar meus filhos com afeto. Escolho investir em sua educação emocional. São as lutas que escolhi lutar.


Eu queria que eles tivessem uma rotina organizada. Uma higiene do sono exemplar. Uma alimentação irretocável. Zero acesso à telas. Poucos brinquedos, sempre educativos. Que usassem o pote da calma para se regular. Que não tivessem parte da sua criação terceirizada. Que brincassem comigo lindamente como nos comerciais de margarina. Que arrumassem a própria cama aos 2 anos, separassem o lixo e lavassem a louça. Eu queria que a merendeira deles fosse linda e atrativa. E que tivéssemos inspiradores passeios diários ao ar livre.


Mas eu também quero trabalhar. Também quero fazer exercícios. Também quero ler. Também quero estudar. Também quero tomar café em silêncio. Eu também quero me divertir.


Não precisa de muita matemática para entender que tudo isso é incompatível. Mesmo assim, a gente insiste em esquecer.


Mas eu escolhi.


Por isso nunca tivemos rotina. Não temos rituais de sono. Não comemos apenas comida orgânica. Eles comem biscoito Maria e tomam suco de caixinha. Não seguimos recomendações oficiais sobre o uso de telas. Às vezes eles ficam um dia sem tomar banho. Os brinquedos são em excesso e ficam espalhados pela casa. Eles fazem birras homéricas e têm uma babá, que é quem cuida deles em horário comercial. Nos fins de semana eu às vezes saio e eles ficam com o pai ou a avó. Eu não gosto de brincar.


Mas eu os crio com afeto e invisto em sua educação emocional.


Eu não sou uma mãe perfeita.


Não existe mãe perfeita.


Mas eu sou uma grande mãe.



Comments


      Flávia Vilhena
foto 2.jpg

Sou a Flávia. Mãe do Caetano e do Augusto. Viajante, ex-blogueira (de viagem), advogada e agora escritora...

Textos em Destaque
Textos Recentes
Procure por tema

E aí, curtiu? Me conta o que você achou.

  • Instagram
  • Facebook
  • LinkedIn ícone social
  • Twitter
  • Spotify ícone social
Siga
  • Instagram
  • Facebook
  • LinkedIn ícone social
  • Twitter
  • Spotify ícone social
bottom of page