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O pulo da pulga



Por que as pulas pulam?


Certamente você, pai ou mãe, já pensou em como irá se preparar para tratar de assuntos difíceis, delicados e embaraçosos com seu filho. Aquela pergunta sobre de onde viemos, para onde vamos, ou questões existenciais complexas, daquelas que você mesmo se pergunta há anos e faz cada vez menos ideia sobre como responder.


Eis que um dia, no meio de um jantar tranquilo, surge a questão:


“Mamãe, por que as pulgas pulam?”


Oi? Que?


Para essa você não estava preparado, hein? (Maldito Show da Luna - entendedores entenderão!)


Dava até para ligar para um amigo biólogo ou procurar no Google sobre a teoria evolutiva da ordem das Siphonapteras (Yes, I did it), afinal, com toda certeza tem gente no mundo que está dando a vida pelo estudo das pulgas (e quem sou eu para discutir a relevância científica disso).


Mas eis que, entre tantos porquês que só quem tem uma criança de quatro anos em casa sabe mensurar, me veio o pulo, não da pulga, mas do gato.


Não é sobre a resposta, óbvio!!!


É tudo sobre a pergunta!


Eureka!!!


Se hoje existe avião, foguete que vai à lua, submarino que desvenda o fundo do mar e uma rede intangível que te leva a qualquer lugar do mundo (e até para fora dele) sem sair do lugar é justamente porque um dia alguém questionou: por quê?


É tudo sobre a curiosidade.


É ela quem nos faz uma espécie única. Quem nos leva longe e nos faz evoluir. É ela quem nos faz enxergar além.

Crianças aprendem como esponjas a cada segundo, justamente por causa desse olhar curioso. E quando digo olhar, estou sendo mesmo literal. Já reparou nos olhos de uma criança vendo algo pela primeira vez? Sua curiosidade é palpável. Dá para ver em seus olhos. Mais especificamente no brilho deles e na forma como sem mantém abertos, sem sequer piscar. É pura admiração e contentamento pela descoberta, pelo novo.


E aí me pergunto: quando e por que isso se perde?


Estamos longe, muito longe, de ter conhecimento suficiente para acharmos que sabemos tudo. Mas, por algum motivo, quando crescemos perdemos o interesse em descobrir coisas novas. E conviver com crianças é uma ótima oportunidade de nos inspirarmos para ter nossa curiosidade de volta.


No piloto automático, a pergunta, a princípio estranha, sobre o pulo da pulga, poderia ter sido só mais um não sei respondido às pressas entre uma garfada e outra. Só mais um porque sim. Mas parar um pouco para refletir me trouxe um aprendizado muito maior do que eu poderia imaginar, mesmo que eu siga sem ter a mínima noção sobre o motivo pelos quais a pulga pula.


Dito isso, nunca deixe de demonstrar interesse pela curiosidade da sua criança. Esqueça aquela história de que criança questionadora é chata. Nunca diga que não aguenta mais a fase dos porquês. Talvez seja justamente por isso que, à medida em que a gente cresce, paramos de questionar. Afinal, ninguém quer se chato. E acredite. Quanto mais curiosa a sua criança for, mais longe ela irá.


Nunca é sobre a resposta. É sempre sobre a pergunta.


Obrigada, meu filho, por me ensinar tanto.

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      Flávia Vilhena
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Sou a Flávia. Mãe do Caetano e do Augusto. Viajante, ex-blogueira (de viagem), advogada e agora escritora...

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