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O sentido da vida (contém spoiler)

"Existirmos: a que será que se destina?"

Perguntou Caetano.

Não o Veloso.

O meu mesmo, no auge dos seus 4 anos:

"Papai, por que a gente existe?"

Pânico, terror e aflição.

E eu achando que a vida estava difícil por ter que lidar com perguntas sobre pulgas. Não esperava uma coisa assim tão cedo. Uma coisa assim: tão profunda.

Deixa eu te contar, Caetano. Essa é A PERGUNTA da vida de cada um de nós. E o mais incrível, é que, apesar disso, não existe resposta certa.

Você pode procurar os motivos na sábia filosofia, em religiões milenares ou em uma boa conversa de mesa de boteco. Mas nesse caso, será impossível fugir do bom e velho clichê da autoajuda: a resposta da sua razão de existir, você só poderá encontrar dentro de você.

E foi nesse clima de curiosidade existencialista que fomos assistir o tão aclamado e fofíssimo Soul, que, embora digam ser coisa de adulto, dá dicas primorosas sobre como responder perguntas complicadas de um pequeno e questionador pensante de 4 anos.

É claro que Caetano não captou tudo do filme, mas entendeu que a 22 havia se perdido por não poder mais ser a pessoa que ela havia gostado de ser. Para tudo!!! Ele entendeu que a 22 se perdeu por ter deixado de viver aquilo que a deixava feliz!!! 4 anos! É impressionante a capacidade que as crianças têm de nos impressionar com sua sabedoria.

Eu não sei qual a resposta que o Caetano dará ao longo da vida para a sua pergunta tão profunda. Mas cada vez me encontro mais próxima da minha. E nisso, o Soul também me ajudou muito. Abracei com entusiasmo a lição que tirei do final do filme, que veio ao encontro exatamente daquilo que penso. Ora! O propósito é viver! Com todo o contentamento que vem quando se aprecia o estar vivo, na sua mais pura simplicidade. Estar vivo é o sentido em si. A vida é a própria dádiva. E a missão, ao receber esse presente, é construir um caminho de alegria e bem-estar, o qual chamamos simploriamente de... Felicidade!

Mas não se iluda, Caetano. Construir a felicidade dá um trabalho danado, pois é preciso saber apreciar conscientemente cada pedacinho do caminho, cada pequeneza da vida, com todas as suas infinitas delícias, mas também com suas inúmeras e incansáveis dores.


Ah, Caetanos desse mundo. Obrigada por me inspirarem tanto.


E você? Existe por quê?




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      Flávia Vilhena
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Sou a Flávia. Mãe do Caetano e do Augusto. Viajante, ex-blogueira (de viagem), advogada e agora escritora...

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