Saudades de mim

Hoje recebi essa foto como lembrança do Facebook de alguns (muitos) anos atrás.

Lembranças do Facebook costumam ser legais, mas essa chegou sendo bastante cruel.

Esqueçam o Marcelo Serrado. Nunca tive nada com ele a não ser 15 segundos de tiete na época do Crô.

Foquem na mocinha da esquerda. Uma menina magrinha, solteira, badalando de vestido de lurex em plena quarta-feira.

Essa lembrança me pegou no momento em que eu me dirigia para um ultrassom para verificar se deu tudo certo com meu novo objeto de maior apego: o DIU! Fato é que vinha vivendo um momento de pura felicidade e paz por estar ouvindo uma música gostosa enquanto dirigia meu carro, sozinha pela primeira vez em sei lá quantos dias, longe por exatos 60 minutos de choros e oito gritos de mamãe por minuto.

Eu amo meus filhos mais que tudo, não consigo e nem quero imaginar minha vida sem eles. Não me arrependo de nada. Mas ver essa foto enquanto eu colhia alegria pelo simples fato de estar sozinha por uma hora para ir ao médico me deu saudades de mim. Muitas saudades!

E tudo bem me sentir assim, embora mães (e o resto do mundo) nem sempre gostem de admitir que os filhos, nossos bens mais preciosos, às vezes (muitas vezes na verdade) também sufocam.

E tudo bem. Mesmo assim eles continuam sendo o grande amor de nossas vidas.

E não posso negar: tão bom quanto sessenta minutos a sós é chegar em casa e ouvir um serzinho fofo de 90 cm dizer que morreu de saudades, enquanto o bebê que me transformou em um mero peito ambulante solta aquele sorriso banguela que contorce o corpo todo e fala mais que mil palavras. É justamente quando eu admito, me sentindo um pouco louca: não é que eu estava com saudades disso também? Afinal, é padecer no paraíso que chama, não é mesmo?!

Ps: esperei 10 minutos dentro do carro na garagem (quem nunca), porque menos de uma hora também era demais!