top of page

Terrible Two



Um dia seu bebê está lá, todo fofinho, gerando suspiros de amor a cada balbuciada.

É muita gostosura para tão pouco tamanho.

Aí você pisca e páh: cresceu.

Tem dois anos.

E quando você abre o olho da piscadela ele consegue ser uma criaturinha ainda mais encantadora.

Ele agora fala.

Interage.

Diz eu te amo.

Te abraça.

E nisso dá aquela vontade de ter mais cinco desse.

Até que mais uma piscada e páh: ele é abduzido.

Uma abdução muito louca, porque o mesmo bebê lindo e fofo vai e volta milhares de vezes ao dia.

Uma piscada, um escândalo.

Outra piscada, uma fofurice.

Pisca de novo, a birra mais homérica que a Terra já assistiu.

Aí você pisca mais rápido, que é para ver se passa logo.

Mas dessa vez não passa tão rápido.

E de repente tem mais birras que fofurices em um dia que você está completamente exausta, afinal, ainda tem a pandemia.

O bebê se estende no tapete da sala clamando para comer chocolate no café da manhã.

Enquanto ele acorda os vizinhos do outro quarteirão, passa na sua cabeça aquela palestra de disciplina positiva.

E você pensa em mandar aquela pedagoga desalmada para merda.

Até que, horas depois, quando o relógio marca apenas 15 minutos desde o início da birra, o bebê avista uma bolinha perdida há semanas debaixo do sofá.

E sorri.

E da pulinhos de alegria da forma mais fofa que o universo já viu.

E distribui beijinhos e abraços e eu te amo.

Até começar tudo de novo. Até que você pisque e páh: não tenha mais birra. Nem crianças fofas. Nem bracinhos enrolados em volta do pescoço. Nem eu te amo no meio do café da manhã.

Passam as birras.

E passa toda a delícia que só uma criança de dois anos sabe ser.

Eu sei que vai passar.

Eu quero que passe logo.

Mas eu também quero que dure para sempre.

Ambivalente como uma criança de 2 anos que ainda insiste em querer escolher a parte boa das coisas, como se na vida real fosse possível ficar só com o que é gostoso.

Ou como diria uma grande amiga: não se pode ter tudo.

Mas pode-se aceitar o todo e escolher ser feliz mesmo nas adversidades.

Escolher viver o pacote completo.

Esse lindo, instável, explosivo e indescritível pacote de amor.

Comments


      Flávia Vilhena
foto 2.jpg

Sou a Flávia. Mãe do Caetano e do Augusto. Viajante, ex-blogueira (de viagem), advogada e agora escritora...

Textos em Destaque
Textos Recentes
Procure por tema

E aí, curtiu? Me conta o que você achou.

  • Instagram
  • Facebook
  • LinkedIn ícone social
  • Twitter
  • Spotify ícone social
Siga
  • Instagram
  • Facebook
  • LinkedIn ícone social
  • Twitter
  • Spotify ícone social
bottom of page