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Tão iguais, tão diferentes


Estou aqui vendo essas fotos e pensando: são tão parecidos... Mas como podem ser tão diferentes?


Um é tímido, prudente, cheio de dúvidas, adora ser servido. Chega de mansinho, pede carinho, convence. O outro é todo para frente, destemido, cheio de razão, dono da sua vontade, super independente. Um é desprendido. O outro, grude. Um é o que bate. O outro é o que chora. Um é o que pede. O outro, o que atropela.

A primeira reação é pensar: filhos dos mesmos pais, está aí a prova de que a personalidade nasce com a gente.


É claro que sim.


Mas também é óbvio que esses pais já estão a léguas e léguas de serem os mesmos.


Eu não sou a mesma que segurou pela primeira vez um bebê de 51 centímetros no colo, sem a mínima ideia do que me esperava dali para frente. Eu não sou a mesma que chorou inúmeras vezes pela amamentação que não engrenava. Eu não sou a mesma que comprou uma balança para pesar o filho em casa. Eu não sou a mesma que velou, cheia de medos, o sono do bebê que dormia a noite inteira. Eu não sou a mesma daquela que dormiu uma noite inteira pela última vez há 2 anos. Eu não sou a mesma que lidava pela primeira vez com um termômetro marcando 39º. Eu não sou a mesma daquelas velhas inseguranças. As inseguranças hoje são totalmente novas. Eu não sou a mesma que há três anos deixava o bebê dormir pela primeira vez na casa da avó. Eu não sou a mesma que deixava o bebê na creche de manhã e buscava no fim da tarde. Eu não sou a mesma depois de um ano passando todos os dias e tardes ao lado deles.


Definitivamente, eu não sou mais a mesma.


Dizem que quando nasce um bebê, nasce uma mãe. Mas nunca ouvi dizer que quando nasce um segundo filho, nasce uma mãe de dois. E ser mãe de dois é uma experiência completamente diferente. Parir transforma, não importa quantas vezes isso aconteça.


Fora a evolução natural de qualquer ser humano, que por aqui é necessidade de vida. Como definiu brilhantemente Itamar Vieira Junior, em seu potente Torto Arado, "se o ar não se movimenta, não tem vento. Se a gente não se movimenta, não tem vida."


Eu mudei muito nos últimos quatro anos. E isso faz de mim uma mãe bem diferente. Não que seja mais fácil. Pelo amor de Deus: não é! Os cuidados práticos do segundo bebê são sim mamão com açúcar. Mas, ao menos para mim, ser mãe de dois é infinitamente mais difícil. E até isso influencia na mãe que eu não sou mais.


Depois de uma pandemia então... Eu diria que a mãe que sou hoje não é nem de longe a mesma de um ano atrás.


Não é só a personalidade. É também ela. Ela e esses pais que não se conformam. Que se permitem pensar e ser diferente sempre que o diferente se mostra um caminho melhor.


Não são filhos dos mesmos pais. São filhos de pais que evoluem diariamente.

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      Flávia Vilhena
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Sou a Flávia. Mãe do Caetano e do Augusto. Viajante, ex-blogueira (de viagem), advogada e agora escritora...

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